Alma Grupo e o Espiritismo

Por Wilson Rodrigues Jr.

Estudar o Espiritismo é fundamental para quem se propõe a trabalhar pela Doutrina. Mas o que parece básico, óbvio, nem sempre é o que se nota entre os confrades, principalmente quando tocamos na questão dos animais. Ainda se ouve e lê muitos conceitos errôneos, equivocados, oriundos de pré-conceitos estabelecidos ou por pura falta de estudo mesmo. Por isso, é importante pontuarmos alguns aspectos no que se refere ao assunto proposto: alma grupo.

Kardec deixou claro nas primeiras questões de “O Livro dos Espíritos” que “princípio inteligente” é sinônimo de Espírito (que por sua vez, é sinônimo de “alma”, descrito na introdução da primeira Obra Básica da Doutrina). Também é muito comum ouvirmos no meio Espírita que os animais NÃO tem alma ou espírito, mas princípio inteligente. Talvez por isso, pensa-se que os animais fazem parte de uma alma grupo.

Importante ressaltar que esse conceito fazia parte da Teosofia (que é a perda da individualidade após a morte), apresentada ao mundo também no século XIX pela escritora ucraniana Helena Blavatsky (12/08/1831 – 08/05/1891). De acordo com essa filosofia, “Um animal durante sua vida no plano físico e durante algum tempo depois no plano astral, tem uma alma tão individual e separada como a do homem”. Até aqui, há semelhança com os conceitos Espíritas. Porém, complementando o pensamento teosófico: “Mas quando o animal termina sua vida astral, não se reencarna em outro corpo, e sim retorna a uma espécie de reservatório de matéria anímica que chamamos de alma-grupo”. Aí existe uma diferença grande ao que deixou Allan Kardec com a ajuda dos Amigos Espirituais.

Em “Obras Póstumas”, o mestre lionês nos explica que a individualidade é “demonstrada pelo caráter e pelas qualidades de cada um distinguindo as almas umas das outras, constituindo sua personalidade; se elas se confundissem num Todo comum, só poderiam apresentar qualidades uniformes”. Mas, em “O Livro dos Espíritos”, na questão 607-a, os defensores da teoria da alma-grupo justificam seus pensamentos com a resposta dada pelos espíritos, quando dizem que “o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida”.

Nunca é demais lembrar a importância de se estudar o Espiritismo como um todo, utilizando do bom senso e a razão para evitar conclusões precipitadas. Por isso, voltando um pouco, na mesma obra (questão 598), Kardec, com a ajuda da equipe espiritual, tira essa dúvida quando diz que os animais conservam sua individualidade após a morte do corpo físico (mas não a consciência de si mesma).

Diante de tudo isso colocado, não se pode deixar de mencionar a convivência de perto com nossos irmãos menores. Percebe-se claramente diferenças sensíveis entre um e outro animal, ainda que da mesma espécie e
mesmo aqueles que foram criados juntos. Alguns comportamentos e atitudes podem ser semelhantes, mas a individualidade de cada um está ali, preservada.

Nosso querido e saudoso irmão Marcel Benedeti se posicionou com muita propriedade em sua primeira obra publicada, quando diz que um grupo de almas, em mesma sintonia vibratória, tem como resultado evolução e interdependência”. Tanto nós, humanos, como nossos irmãos animais caminham na senda do progresso, cada um em seu estágio evolutivo para, um dia, depois de muitas e muitas experiências, neste e em outros planos da vida, atingirmos a fase de angelitude.

Particularmente, acredito no seguinte: hoje, quem está nos auxiliando no lado espiritual, talvez, em seu estágio de humanidade primitiva, tenha tido como tutelado um de nós, que estamos aqui e agora, vivendo essa experiência encarnada nesse planeta de provas e expiações. Quem sabe, quando atingirmos essa fase mais evoluída, como mentor espiritual, possamos auxiliar o progresso evolutivo dos nossos irmãos que hoje estagiam na fase de animalidade. Quem sabe… É apenas uma teoria, um pensamento, não embasado em nenhuma obra até hoje publicada.

Wilson Rodrigues Jr. é Jornalista, palestrante espírita e atual presidente do Grupo Espírita Francisco de Assis (GEFA Sorocaba)

Texto publicado no livro “O animal na casa Espírita” - Páginas 33 a 45 Autora: Madalena Parisí Duarte Editora do Conhecimento

Referência Bibliográfica

  • “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec): Introdução / Questões 23, 598, 607-a
  • “Óbras Póstumas” (Allan Kardec): 1ª Parte, item 7
  • “Os mestres e a senda” (Charles Webster Leadbeater)
  • “Todos Os Animais São Nossos Irmãos” (Marcel Benedeti): capítulo “Corpo coletivo”
O Autor assume inteira responsabilidade pelo conteúdo dos textos de sua autoria.
Sua opinião não necessariamente expressa a visão do CENTRO ESPÍRITA BATUÍRA.
Alma Grupo e o Espiritismo
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3 ideias sobre “Alma Grupo e o Espiritismo

  • 24 de outubro de 2021 em 15:28
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    Parabéns wilson! Sempre nos esclarecendo sobre a vida dos animais durante a reencarnação e apos no plano espiritual, sim pois sabemos que lá tem animais e que são muito amados e respeitados…

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  • 24 de outubro de 2021 em 16:08
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    Wilson essa questão dos animais infelizmente ainda gera polêmicas no meio espírita. Cada vez mais compete a todos nós que já temos esse conhecimento, divulgarmos o assunto. E não somente isso, mas exemplificarmos em nosso dia-a-dia a fé que professamos. Suas palavras embasadas na Doutrina trazem à luz da razão, o esclarecimento e, todo trabalho que realiza no GEFA bem como os resultados obtidos, corroboram tudo que foi explanado. Gratidão meu amigo e que esse trabalho maravilhosos possa se multiplicar cada vez mais. No que puder auxiliar, sabes que estou à disposição.

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    • 24 de outubro de 2021 em 17:12
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      Parabéns Wilson, falar com toda essa propriedade sobre nossos irmãozinhos é fazer caridade, dar amor e carinho . É gratificante saber que eles também estão no mesmo processo de evolução. Aliás tive a felicidade de conviver com vários irmãozinhos, e só me deram muita alegria. Tenho muita gratidão ao Pai que me deu está oportunidade.

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