Lembranças
Por Carlos Alvim
Estava iniciando os meus estudos na Doutrina Espírita, corria o início dos anos 2000, muitas novidades, os pensamentos afloravam de uma maneira incrível, absorvendo tudo o que era falado pelos monitores dentro do Centro Espírita onde estava estudando. Ainda hoje, lá na minha cidade, muitas Casas seguem o mesmo padrão de estudo, um pouco diferente do que hoje se estuda por aqui. Um estudo “híbrido” onde a primeira hora era dedicada à “parte” teórica e a segunda hora já iniciávamos à “prática”, com cautela e respeitando os limites estabelecidos pela espiritualidade mentora da Casa. Mas naquele momento eu não sabia muito bem o que tudo isso significava, seguia meu instinto e confiava sobremaneira no meu próprio anjo guardião, que era como me referia ao meu amigo espiritual que se propôs a me acompanhar nessa minha jornada corporal, confesso que até hoje me pego “conversando” com ele usando esse carinhoso nome. Não posso também deixar de me referir à minha querida irmã, que me acolheu, instruiu e acompanhou em todo o processo inicial dos meus estudos, e o faz até hoje. Sem essas duas almas bondosas, seria um Espírito ainda mais endividado.
Já tivera uma experiência de vidência em minha casa, onde um querido amigo havia desencarnado e veio me pedir auxílio. Evidentemente não sabia o que fazer, o jeito foi fechar os olhos e esperar ele ir embora, pedi muitos perdões para ele após esse catastrófico encontro. Mas essa foi por assim dizer a “porta” de entrada para a Doutrina Espírita, pois me fez procurar respostas e então, fui caminhando nos estudos…
Todos temos um passado, o meu foi cheio de tribulações pessoais, familiares, financeiras e por aí vai. Mas é um pedaço desse passado que gostaria de compartilhar. Uma pessoa em um determinado momento entrou na vida de minha família, consequentemente na minha também, pois naquele momento eu ainda era uma criança. Ao longo dos anos essa pessoa me fez sofrer, ao menos era a minha perspectiva e minha revolta, meu desprezo crescia.
O tempo é o senhor absoluto das resoluções me diziam, tudo vai se ajeitar. Cresci, amadureci, mas minha revolta, meu desprezo não diminuía. Essa pessoa depois de anos e anos, saiu da minha família e depois dessa saída, por anos viveu de uma maneira muito triste até o seu mais triste ainda desencarne. Eu não conseguia eliminar o desprezo por ele.
Anos e anos se passaram após o seu desencarne. E eis que me encontro lá na Casa Espírita, no início dos meus estudos, naquela segunda “parte”, realizando um exercício de desdobramento conduzido pela monitora. Me lembro exatamente o lugar, era um campo, com uma relva pela altura da cintura, um cheiro delicioso de terra molhada, como que se acabara de chover. Um ser de luz me toca no ombro, sussurra para mim “você precisa voltar”, imediatamente estava na sala da Casa Espírita, mas não na sala física, estava na construção espiritual, sentado em frente a uma longa escadaria e dela estava descendo três Espíritos. O do meio era ele, com a mesma aparência da última vez que eu o vi, se aproximou, ajoelhou-se diante de mim e começou a chorar copiosamente. Não me contive e comecei a chorar. As palavras não saiam da minha boca e nem das dele, mas sabíamos o que cada um estava fazendo ali. Acredito que foram poucos minutos que ali ficamos, mas pareceram horas. As lágrimas foram pesos saindo de ambos. Ao final, mentalmente senti o seu pedido de perdão e igualmente também o meu e ambos fomos atendidos. Ele voltou em seguida para a escadaria com as suas companhias e desapareceram como por encanto. Quanto a mim, voltei do desdobramento e continuei minha caminhada, um pouco mais leve.
Essas lembranças me acompanham desde então, de tempos em tempos, elas se fazem presentes nos meus pensamentos, eu penso que seja para extrair mais um aprendizado, cada vez que as “conto” para mim mesmo, tenho aprendido algo diferente. Espero que aconteça com vocês também que estão lendo, que possam retirar dessa minha lembrança e quem sabe de suas próprias lembranças algum aprendizado. Afinal estamos aqui nesse planeta e nessa época, para aprender, evoluir e depois voltar para casa.
Deus em sua infinita bondade, nos abençoe!
Carlos Alvim é voluntário no Centro Espírita Batuíra.
O Autor assume inteira responsabilidade pelo conteúdo dos textos de sua autoria.
Sua opinião não necessariamente expressa a visão do CENTRO ESPÍRITA BATUÍRA.
Gratidão por compartilhar suas experiências meu amigo. Que Deus o abençoe.
Gratidão Sérgio!
Oi Carlos!
Gostei O seu relato nos mostra que o chamamento para o despertar e desenvolvimento espiritual acontece, pra todos nós, através de acontecimentos assim, inesquecíveis.
Abraço.
Prof. Carlos! suas palavras são estímulos para que minha caminha continue. Gratidão.
Meu amigo,muito bonito e emocionante o seu despertamento.
Essas experiências que nos despertam, continuam acompanhando nossos passos, sempre nos despertando para um novo caminhar…assim seguimos!
Sempre em frente…
Gratidão Euckaris!