MEDIUNIDADE: PRESENTE OU DÁDIVA?
Por Danilo Kostenko
Queridas irmãs e queridos irmãos, minhas saudações.
Compartilhando mais uma vez minhas experiências e aprendizados dentro da Doutrina, lembrei da minha pré-adolescência, onde eu era “convidado compulsoriamente” pela minha mãe e minha avó a acompanhá-las nas Casas Espíritas em que elas eram voluntárias.
Claramente eu as acompanhava com a “tremenda boa-vontade de uma criança” pois tinha que ficar em um ambiente frequentado basicamente por adultos, sentado e em silêncio, obrigado a ouvir uma pessoa falar por horas sobre os espíritos (na verdade eram 30 a 40 minutos, mas para uma criança, pareciam horas…).
No final eu ficava intrigado, pois tinha que entrar em uma câmara escura com uma luz verde fraca, sentar e ficar rodeado de pessoas com as mãos estendidas sobre minha cabeça e de todos que estavam lá.
A parte que eu gostava, era tomar o copinho de “água rezada” no final, porque eu sabia que Jesus colocava um remedinho lá para mim.
Ao sair, escutava os comentários de algumas pessoas dizendo:
- “ah, mas como ela/ele tem uma mediunidade tão bonita”;
- “tomei passe com a/o melhor médium da casa…”
- “vá naquele centro, que os médiuns de lá são muito bons”;
- “o centro de fulano de tal é que é bom… lá tem um passe que nem vou te contar…”
- “nossa, o doutrinador daquele trabalho de desobsessão é bem firme, um exemplo…”
… e até hoje, ouço este tipo de comentário nas casas espíritas… enfim…
Na época, eu ficava curioso em saber o que era essa tal de mediunidade?
Seriam os médiuns um tipo de “Superstar” ou Seres Divinos escolhidos e enviados por Deus?
Será que sou um “escolhido de Deus e terei mediunidade quando for mais velho”
Quando adolescente e iniciando meu aprendizado na Mocidade Espírita, comecei a conhecer e entender o que representava a Mediunidade nos trabalhos Espíritas.
Para quem não sabe a Mediunidade é definida como “A Qualidade da pessoa que, segundo o espiritismo, tem capacidade para se comunicar com os espíritos, com pessoas mortas”.
É a definição que consta no dicionário, que fica muito vaga, concordam?
Já em meu aprendizado dentro da Doutrina Espírita, entendi que o conceito de mediunidade não deve ser visto como “transe”. A Mediunidade é a sintonia e troca de experiência entre espíritos desencarnados e encarnados. Não há perda de consciência, não há anulação. Há soma das experiências das partes envolvidas, trazendo superação.
Recomendo a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XXVIII, item. 9: “Para penetrar no mundo invisível, Deus lhe deu a mediunidade”
Para não estendermos mais este artigo quanto a definições, aprendi nestes anos de aprendizado dentro da Doutrina, que a Mediunidade não é um Dom, nem uma Dádiva e muito menos “Ser escolhido por Deus”.
Todos somos médiuns, independentemente do tipo de desenvolvimento mediúnico que temos… somos médiuns sendo trabalhadores ou colaboradores na organização da Casa Espírita, em apoio nas sessões mediúnicas, no atendimento fraterno, na fluidoterapia, na organização Doutrinária, nos trabalhos de assistência, nas palestras públicas e outras tantas atividades que as Casas Espiritas nos proporcionam para trabalhar, incluído “entregar um copinho de água rezada” para as pessoas que ali se encontram.
Ser médium, é aprender a se despir da vaidade, do orgulho e do egoísmo, de achar “que tem um dom” e se aproveitar desta condição.
Ser médium, é aprender a estudar, é ser regrado, é caminhar dentro dos princípios de nosso Irmão Maior Jesus, com Amor ao Próximo, começando por nós mesmos, para aprendermos Amar nosso Semelhante.
Entendam que ser médium não é uma prova ou uma expiação, mas uma oportunidade que Deus nos oferece para aprendermos a evoluir. Pensem nisso.
Deixo um grande abraço, e desejo muita paz e luz para todos!
Danilo Kostenko é voluntário na União Espírita Sorocabana.
Excelentes reflexões meu amigo. Eu vejo a mediunidade como uma oportunidade de redenção para todos. Um caminho de aprendizado e evolução. Como você bem colocou: “Ser médium, é aprender a se despir da vaidade, do orgulho e do egoísmo, de achar “que tem um dom” e se aproveitar desta condição”. Aproveitar para servir, para auxiliar e ser auxiliado. Trabalhar para o Mestre em prol da humanidade. Não é nenhum prêmio e o médium não é superstar (palavras suas), mas um Espírito devedor e em evolução que recebe essa oportunidade para que com seu livre arbítrio faça bom uso da mesma. Gratidão meu caro!!!!!
Muitas vezes a mediunidade nos leva até uma Casa Espírita para nos despertar para essa doutrina bendita e a realidade espiritual. Obrigada Danilo, excelente reflexão.
Que artigo “delicioso”,meu amigo Danilo…tirado de uma experiência de sua infância, aliás sempre muito rica e produtiva…vc nos deu uma aula!! Parabéns!! 👏👏👏😘
Devemos ter disciplina em todos os quesitos da nossa vida, principalmente no que tange a mediunidade. Obrigada por compartilhar significativa experiência.
Olá, Danilo!
Suas palavras, tão bem colocadas, são convites amorosos, alertas, para valorização e exercício da mediunidade com Jesus, servindo sempre para crescermos mais.
Obrigado.
Forte Abraço.
Daniel você escreveu com leveza e bom humor sobre um tema tão profundo quanto a mediunidade. Amei. ❤️😘