Na Rede da Transição
Por Bruno Pereira
“Novamente, o Reino dos Céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, que recolheu todo gênero de peixe. Quando ficou cheia, depois de a puxarem para a praia e de se sentarem, recolheram os bons em recipientes, e os deteriorados jogaram fora. Assim será na consumação da era; os anjos sairão e separarão os malvados do meio dos justos; e os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá o pranto e o ranger de dentes. Entendestes todas estas coisas? Diziam-lhe: Sim. Ele lhes disse: Por isso, todo escriba que se tornou discípulo no Reino dos Céus é semelhante ao homem, senhor de casa, que extrai do seu tesouro coisas novas e antigas.” [1]
(Mateus, 13.47-50.)
Como ocorre em todas as Parábolas de Jesus, os ensinamentos devem ser buscados muito além da literalidade. Quando olhamos apenas a superfície, muitas vezes as palavras parecem sem sentido. Por isso, devemos mergulhar na profundidade das expressões simbólicas, utilizando o Espiritismo como chave para decifrar os princípios trazidos pelo Mestre.
Ao fazermos esta imersão, à luz do Consolador Prometido, percebemos que, por meio dos símbolos, Jesus nos conta de uma transição.
Com a simplicidade de quem fala aos pescadores, Jesus nos traz o mar como sendo nosso planeta, onde habitam espíritos em diversos graus de evolução.
O Livro dos espíritos, em sua questão de número 100 (cem) nos apresenta o entendimento sobre a Escala Espírita, classificando os espíritos “no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se.” [2]
A rede vem sendo lançada ao longo dos séculos!
Assim como na praia, que os peixes vêm sendo selecionados, e aqueles considerados “pequenos” são jogados de volta ao mar, na erraticidade temos nossa evolução moral avaliada. A misericórdia divina permite que sejamos “jogados de volta” muitas vezes no mar da vida terrena, por meio da Lei de reencarnação.
A transição planetária é uma realidade sentida em nossos dias. Nas palavras da Benfeitora Joana de Ângelis: “opera-se, na Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e confirmada pelo Espiritismo”. [3]
É chegado o momento de recompensa para aqueles que conseguiram nadar contra a corrente das maldades do mundo, e principalmente, contra suas próprias más inclinações. Como a espiritualidade nos ensina no último capítulo da Gênese, cujo título é São Chegados os Tempos, “… Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão predispostos, desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo. Assim, nem sempre os que voltam são outros Espíritos; são com frequência os mesmos Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira.” [4]
Os sinais estão evidentes! Os flagelos destruidores ensinados pela doutrina dos espíritos nos transpareceram gritantes nos últimos anos (pandemia, guerras, desastres naturais, degradação moral…).
A nós, que nos dizemos Espíritas e Cristãos, aproveitemos mais uma oportunidade que nos é dada. Utilizemos nossa encarnação para realizar as modificações morais ainda necessárias. Trabalhemos em prol do bem não mais como servos de Deus, que espera recompensa pelo seu trabalho, e sim como seus filhos, os quais herdarão seu reino.
Quando a rede for lançada sigamos com Jesus!
[1] Haroldo Dutra Dias. O Novo Testamento (p. 90). FEB.
[2] Kardec, Allan. O Livro Dos Espíritos (p. 89). Editora Virtude Livros. Edição do Kindle.
[3] Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 30 de Julho de 2006, no Rio de Janeiro, RJ. Publicada na revista “Presença Espírita”, Setembro/Outubro 2006, Nº 256, páginas 28 e 29.
[4] Kardec, Allan. A Gênese (p. 414). Editora Virtude Livros. Edição do Kindle.
Bruno Pereira é voluntário na A. B. C. Espírita Batuira.
Olá, Bruno!
Rica é a essa sua mensagem que nos convida à reflexão.
Disse bem.É necessário um mergulho profundo na Parábola para contextualizá-la e melhor nos situarmos no hoje e na eternidade do espirito.
Obrigado pelo ensinamento.
Forte Abraço.
Querido irmão Bruno, quantas vezes estivemos nessa rede e fomos lançados de volta ao mar?? Jesus fez o convite há muito tempo para nós. Muito provavelmente estivemos caminhando com Ele quando aqui esteve com toda Sua luz e paz. O ouvimos. Gostamos do que ouvimos. Mas pouco tocou nosso coração e daí voltamos ao mar, somos resgatados novamente e voltamos ao mar, voltamos ao mar…. E voltaremos, pela benção Divina, quantas vezes forem necessárias. O importante é a cada retorno possamos ir melhorando um tiquinho como dizia o Chico Xavier, compreendendo o valioso ensinamento de Allan Kardec: reconhece-se o verdadeiro Espírita pelo esforço que emprega em superar suas tendências inferiores. Estamos longe, muito longe da pureza doutrinária, porém o importante é reconhecer isso com fé, fraternidade e humildade. De volta em volta ao mar, crescemos, aprendemos e quando estivermos prontos seguiremos com o Mestre pois não será mais necessário, tantos retornos ao mar da existência. Gratidão por suas palavras meu amigo.
Infelizmente ainda são poucos os que estudam com profundidade o Evangelho de Jesus. Mesmo entre os Espíritas, a maioria . Nos estudos presenciais e online são poucos interessados. Confundem o “Culto do Evangelho no Lar” com o Estudo profundo e sequencial, reflexão e disciplina…