O despertar da alma imortal

por Priscila Batista

Quem somos nós?

“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”

Paulo (1ª Epístola aos Coríntios, 3:16.)

O homem vem tentando descobrir o propósito da vida desde os primórdios da humanidade. Filósofos, pensadores e intelectuais de todos os tempos buscam compreender esse mecanismo misterioso.

Existem muitas teorias e correntes, variadas versões e possibilidades, que vão do materialismo ao politeísmo. Respeitando todas as crenças, correntes filosóficas e religiosas, vamos trazer a reflexão da doutrina espírita para as seguintes perguntas: Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? E por quê?

René Descartes (1596-1650), foi um filósofo e matemático francês popularmente conhecido pela sua célebre frase: “Penso logo existo”. Esse pensamento lógico, que anuncia a consciência de nosso próprio raciocínio e permite direcioná-lo conforme nosso desejo, é algo extremamente importante e revelador. A possibilidade de entender que nascemos, crescemos e um dia morreremos nos difere dos demais animais da natureza.

Temos a capacidade de reflexão, planejamento, arrependimento, criação de projetos, metas, estratégias, de julgamento, análise entre o certo e o errado, entre um caminho e outro. O pensamento nos dá a consciência de nossa existência, permite que possamos aprender, estudar e, inclusive, progredir, rever conceitos, mudar de opinião. Infelizmente também possibilita vivermos presos, escravos de nossos pontos de vista, entendendo que nossas opiniões são verdades absolutas.

Descobrimos, portanto, que somos consciência, que existimos. No entanto, descobrimos que temos um corpo: mãos, pés, cabeça, pulmão, coração. Então somos um corpo? Somos mais que nosso corpo, bem mais. Mas então o que, de fato, somos?

Os espíritos respondem à pergunta nº 76 do Livro dos Espíritos, codificada por Allan Kardec, afirmando que “os espíritos são seres inteligentes da criação. Eles povoam o universo além do mundo material”. Nós somos espíritos imortais, seres inteligentes da Criação Divina, e isso faz com que tenhamos essa consciência, que vem sendo despertada ao longo dos anos e que, aos poucos, será despertada em todos.

A pergunta nº 1 do Livro dos Espíritos nos ensina que Deus é Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas. Ou seja, nós somos seres inteligentes da Criação, e Deus é Inteligência Suprema. Somos, portanto, filhos de Deus e temos em nós essa característica, essa luz divina.

Precisamos despertar nossa consciência para essa verdade: de que somos espíritos imortais. Esse conceito não é originário e muito menos exclusivo do espiritismo. Muitas doutrinas, filosofias professam essa verdade, e Jesus nos trouxe essa informação de forma explícita e exemplificada há mais de 2 000 mil anos. E os espíritos nos reforçam, de forma amplamente demonstrada até os dias de hoje, materializada e vivenciada em Paris, com esta doutrina consoladora, desde 1857.

A partir do momento em que temos a consciência de que somos espíritos imortais e eternos, filhos de Deus, despertamos para o fato de que todos somos irmãos em espírito, nossos filhos, nossos pais e irmãos de sangue, nossos colegas de trabalho, vizinhos e todos aqueles que cruzamos no dia a dia, que muitas vezes pensam de forma diferente, torcem para outro time ou são filiados a outros partidos políticos, aqueles que sofrem e que também fazem sofrer, a vítima e o criminoso: todos somos irmãos.

Essa verdade é algo que não precisa de nossa autorização ou conhecimento para acontecer, somos irmãos em espírito, filhos do mesmo Pai, mesmo quando temos opiniões divergentes, quando vamos por caminhos diferentes, quando nos machucamos uns aos outros, nos ofendemos ou lutamos uns contra os outros.

Essas divergências surgem porque nossa personalidade e tendências são diferentes, nosso pensamento e consciência são livres para concordar ou discordar, temos autonomia e liberdade em nossas vontades. Pois então, como seria esse processo de criação divina, considerando que somos tão diferentes uns dos outros?

Na pergunta nº 115, Kardec indaga: “Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?”. A resposta foi completa: “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi destinada. Outros só a suportam lamentando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade”.

Jesus também falou sobre essa perfeição: “Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês” (Mateus 5:48).

Assim, como vamos progredir? Pelo caminho do conhecimento da verdade! Na pergunta nº 919, Kardec diz: “Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?”.

Santo Agostinho nos recorda o ensinamento de Sócrates, dando um verdadeiro roteiro, um guia prático para aqueles que tem a vontade desperta dentro de si, de se conhecer e buscar a sua evolução: “Um sábio da Antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo”. Afirma este espírito que no final do dia devemos interrogar nossa própria consciência, revisarmos nossas ações e nos perguntarmos se faltamos no cumprimento de algum dever, se alguém teria tido motivo para se queixar. Foi assim que chegou a se conhecer e ver o que era necessário reformar. Pedia força a Deus e o seu anjo guardião e adquirira uma grande disposição para se aperfeiçoar.

Isto posto, pergunto: Estou consciente da minha existência como espírito imortal? Eu quero trabalhar meu interior e ser uma pessoa melhor? Eu sei o que devo trabalhar? Como está meu processo de autoconhecimento? Se por acaso, hoje fosse o dia do meu retorno à pátria espiritual, teria algo a temer? Quais seriam meus arrependimentos?

Devemos então examinar nossa consciência, pois o autoconhecimento é a chave do melhoramento individual, do progresso e do caminho até a perfeição possível para a nossa alma e, consequentemente, à felicidade e ao Pai.

Priscila Batista é voluntária no Centro Espírita Casa dos Essênios

Referência Bibliográfica

  • O Livro dos Espíritos, Allan Kardec
  • Bíblia Sagrada
O Autor assume inteira responsabilidade pelo conteúdo dos textos de sua autoria.
Sua opinião não necessariamente expressa a visão do CENTRO ESPÍRITA BATUÍRA.
O despertar da alma imortal
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2 ideias sobre “O despertar da alma imortal

  • 27 de setembro de 2021 em 23:02
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    Otima compilação de dados resultando uma excelente reflexão!! Parabéns!!!😉

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  • 2 de outubro de 2021 em 10:06
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    Excelente reflexão, a chave realmente está em cada um de nós.

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