Os espíritas da nova era
por Lúcia Pecora
Quando Kardec apresentou o Espiritismo ao mundo, com suas obras maravilhosas e mensagem transformadora, abriu-se uma nova era para o entendimento e vivência dos ensinamentos de Jesus, com uma visão mais completa, que na época em que Jesus caminhava entre nós não poderia ser abordada.
Passada a esperada resistência inicial, houve a divulgação da doutrina mundo afora, conquistando cada vez mais seguidores por trazer sentido e compreensão das mazelas e tormentos pelos quais o homem passa durante a encarnação através das provas e expiações.
Muitos centros espíritas floresceram com a abençoada tarefa de divulgar a doutrina e esclarecer as pessoas para este novo olhar diante da vida e da morte, alterando definitivamente a compreensão da existência do ser.
Com o passar do tempo e a evolução da humanidade os alicerces da doutrina baseados na ciência, filosofia e religião foram se consolidando e conquistando mais e mais adeptos que buscavam um novo entendimento. A possibilidade da fé raciocinada que prescinde de cultos, imagens e rituais externos para atingir seus propósitos, fez com que muitos se identificassem com esse novo olhar que abriga um Deus amoroso e justo, a autorresponsabilidade e a possibilidade de transformarmos o nosso destino a todo instante através da mudança de atitude diante da vida, dos problemas e do sofrimento.
Essa nova visão sobre a capacidade de nos transformarmos pode trazer muitos equívocos, uma vez que a humanidade engatinha em termos de desenvolvimento espiritual e consequentemente emocional. Ao percebermos que a mudança depende de nós podemos ter tanta ansiedade para alcançar o próximo degrau da escala que ao invés de nos transformarmos de dentro para fora, vestimos uma capa que nos faz parecer o que não somos e o pior, somos tão bons em faze-lo que acabamos nos convencendo de que temos o direito inclusive de criticar e julgar os outros já que, na nossa avaliação pueril ganhamos muitos pontos no caminho da perfeição. Esse tipo de equívoco apesar de fazer parte da evolução humana pode causar muitos desastres, como a rigidez excessiva, impermeabilidade a novas ideias, um formalismo doente e o pior de tudo ao meu ver, o sectarismo religioso.
O espírita da nova era, da transição planetária deve estar atento principalmente a si mesmo, suas atitudes, sua transformação, a exemplo de Jesus aberto a novas abordagens e ao poder inovador do bem e do amor. Jamais poderá esquecer que tudo evolui no universo, tudo expande e se renova, afinal nem o umbral é o mesmo de tempos atrás, por que o Espiritismo seria? Menos rigidez, mais bondade, mais caridade com coragem para ampliar a compreensão dessa palavra ou seja, a caridade de ouvir, de se despir de preconceitos e de perceber que muitas vezes algo que foi feito por tanto tempo de uma mesma forma pode ser reinventado através de um novo olhar, desde que se respeite a essência da filosofia, que no Espiritismo corresponde a não esquecer da regra áurea que Jesus nos ensinou “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” e a máxima de Kardec “Fora da caridade não há salvação”.
Que possamos nos valer da fé raciocinada, lúcida e inteligente que esta doutrina abençoada nos propicia para buscarmos novos caminhos, mais leves com mais aceitação, menos preconceitos, mais respeito por tudo e por todos, menos melindres, menos personalismo, menos orgulho e prepotência sem nos incomodarmos tanto com os comentários e críticas, ou quando sentirmos tanto desconforto com elas que saibamos aproveita-las para transformar aquele pedacinho em nós que grita por mudança, afinal esta é a finalidade da dor.
Sejamos então os espíritas da nova era, seres melhores que esperamos encontrar em um planeta renovado. Não podemos mudar o mundo exterior, mas podemos com esforço amoroso e determinação fazermos do nosso mundo interior um lugar onde realmente valha a pena permanecer.
Lúcia Pecora é voluntária no Centro Espírita Batuíra.
A Autora assume inteira responsabilidade pelo conteúdo dos textos de sua autoria.
Sua opinião não necessariamente expressa a visão do CENTRO ESPÍRITA BATUÍRA.
Excelente reflexão! Buscar no Espiritismo a compreensão e a vivência do Evangelho de Jesus, nos torna mais humildes, mais caridosos, mais amorosos e amoráveis, a caminho da nossa retenção! “Espíritas, amai-vos e instrui-vos”Kardec
Cada vez mais me dou conta que estamos em um processo evolutivo não só baseado nos conhecimentos como também no crescimento espiritual e aceitação baseados no respeito, humildade e caridade. Há muito que entender para aprender.
Uma das frases que mais me amedronta não só dentro dessa maravilhosa doutrina, bem como no mundo afora é…”sempre foi feito assim”. Me amedronta no sentido da pequenez da visão de quem a pronuncia! “Menos rigidez, mais bondade, mais caridade com coragem para ampliar a compreensão”…mais verdades..mais amores…gratidão pelo ensinamento.
Lúcia, maravilhosa reflexão. Que possamos abrir a mente e o coração, recebendo a todos com o mesmo amor que o Mestre nos ensinou, o mesmo amor com que a espiritualidade nos acolhe. É olhar para dentro de si e assumir o papel com Espíritas da transição com você tão bem colocou.
Gratidão