Quem é o obsessor?

Por Lúcia Pécora

De forma geral, até mesmo para os céticos não muito convictos, para os espiritualistas e até mesmo os espíritas menos atentos é frequente culpar espíritos malignos, mal olhados ou trabalhos e amarrações como culpados por insucessos dos mais variados tipos.  No momento de desespero muitos se dirigem as casas espíritas, aos templos e apelam ao plano espiritual por vezes representado por caboclos e pretos velhos em busca de alivio para alegadas perseguições.

Se Deus Pai de todos nós que nos ama indistintamente e que em todo o universo promove somente justiça e misericórdia, por que esse mal nos atinge? Quem são esses espíritos malignos que vem nos arrancar de nossas vidas tão equilibradas? Eu os convido a raciocinar um pouquinho, principalmente nos despindo de preconceitos, por isso vou aproveitar para usar uma frase que muito me agrada, mas que não sei de quem é “a certeza é o túmulo do raciocínio” e a utilizei apenas para que possamos pensar com a mente aberta. O que quero dizer é que quando algo impactante nos acontece nada melhor do que nos desapegarmos das velhas certezas e analisarmos com um pouquinho de distanciamento e na medida do possível, lucidez. Se minha vida está confusa porque será? Qual é a parte que me cabe nessa confusão? Se surge um espírito, um irmão desequilibrado que se apresenta em afinidade vibratória comigo, porque será? Tenho orado com a alma, com fé, ligando-me ao alto e ao amparo espiritual amplamente disponível? Tenho tido atitudes equilibradas de amor e respeito por mim e meus semelhantes? Tenho agido com o próximo como eu gostaria que agissem comigo?

E por aí vai, são várias perguntas que me tiram do lugar de vítima, pois como sabemos neste plano em que nos encontramos não existem vítimas e ao deixar de me sentir dessa forma posso tomar um caminho diferente e mudar o rumo do meu pensamento e atitudes.

A vida é altamente pedagógica, se algo nos atinge sempre, indiscutivelmente nos trará uma lição, que tal aproveitarmos um pouquinho para aprender alguma coisa?

Com relação ao obsessor, não seria este espírito confuso e equivocado um irmão que necessita de amparo e auxilio, não seria possivelmente alguém que em algum momento prejudiquei. Alguém tão doente quanto eu, dependente de fumo, álcool, drogas excessos de todos os tipos os quais tenho praticado. Como amorosa e firmemente disse o nosso mestre Jesus que atire a primeira pedra quem não tiver pecados.

Quantas vezes na nossa atual existência não fomos obsessores de alguma forma, de nós mesmos ou de outras pessoas? Somos obsessores quando nos fixamos a um pensamento repetidamente, principalmente os que são prejudiciais, nos fazem mal, tiram nosso sono e tranquilidade. Quando insistentemente queremos convencer o outro a fazer aquilo que achamos melhor, quando privamos o outro do direito de errar, de crescer e de fazer uso de seu livre arbítrio, impondo nossos julgamentos e posições, na certeza de que nossas ideias e atitudes é que são as corretas e exigimos dos outros esse ou aquele comportamento. Da mesma forma quando queremos a todo custo aquilo o que o outro não tem condições para nos dar. Quando sabemos que algo é errado e prejudicial a nós e aos outros e mesmo assim fazemos, quando criamos um ambiente de conflitos, dor e intrigas espalhando sofrimento. E o mais difícil, quando fazemos tudo isso e somos incapazes de perceber por não nos conhecermos ou se quer nos observarmos. Em maior ou menor escala, quem nunca?

 O remédio para tudo isso é único, o amor, amor por nós mesmos, pelo próximo, pela vida. Falo do amor universal que já existe em cada um de nós e que precisa ser despertado. Ao nos abrirmos para o amor nossa vida se torna mais leve, as lições são mais facilmente aprendidas e os processos obsessivos tornam-se desnecessários pois o aprendizado pelo amor nos tira do sofrimento, traz mais respeito e entendimento.

Nada disso é fácil e para sairmos da inércia precisamos querer, orar, pedir ajuda e guiança, mas do quase nada que sei posso garantir que esse é o único caminho pois há muito tempo isso nos foi dito pelo amado mestre Jesus.

Que possamos descobrir nossos caminhos internos de luz para chegar ao amor e através dele aceitar e iluminar as nossas sombras e que ao deparar com as sombras dos nossos irmãos encarnados ou não nos lembremos de que com a mesma intensidade que julgamos seremos julgados.

Lúcia Pécora é voluntária na A. B. C. Espírita Batuíra de Sorocaba, SP.

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4 ideias sobre “Quem é o obsessor?

  • 2 de maio de 2022 em 12:16
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    Ótima reflexão! Importa muito, termos consciencia de que somos, muitas vezes nossos próprios obsessores e que os atraimos por afinidade. Vigiai e Orai, para afastar as tentações. Parabéns Lucia!

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    • 6 de maio de 2022 em 20:47
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      Adorei a sua reflexão Lúcia. Precisamos assumir as rédeas das nossas atitudes, para não termos mais consequências indesejadas. Vigilância e oração diariamente! Deus a abençoe!

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  • 2 de maio de 2022 em 16:50
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    Lucia, seus textos sempre são profundos e cheios de ensinamentos! Deixo aqui meu profundo agradecimento pelas suas palavras…rogo a Deus na sua infinita misericórdia que nos abençoe hoje e sempre! Vigiai e Orai sempre 🙏🏻

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  • 2 de maio de 2022 em 17:30
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    No verbo sútil e reflexivo, a Lúcia, traz a palavra nos convidando a amorosa introspecção.
    Reconhecer nosso estado, é libertador, auxilia a seguir adiante.
    Lúcia, meu abraço fraterno e gratidão por entregar luz e conforto neste texto.

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