Reforma íntima

Reciclar: passar por novo ciclo; reaproveitar; reformar; refazer; reaproveitar; tornar útil novamente algo que já não tem mais utilidade;

Reforma Intima é uma reciclagem de antigos conceitos, em novos e mais úteis conceitos; procedimentos; pensamentos, atitudes novas. O sucesso da renovação intima, depende, essencialmente, da capacidade do encontro harmônico com as mazelas que, habitualmente, desejamos ignorar.

Aceitar-se é ter a coragem de olhar para si mesmo, criar uma “auto catarse”. Ser em si mesmo um espelho para analisar as suas reações e proceder a uma “busca terapêutica” para dignificação. Aceitação é diferente de conformismo com o mal. Aceitar-se é admitir a si mesmo suas limitações com finalidades de estudá-las para transformá-las com discernimento nesses conceitos: aceitar imperfeições é muito diferente de aceitar erros.

Matar o homem velho é muito prejudicial ao desenvolvimento dos valores divinos porque gastamos toda energia para combater-nos e não para talhar virtudes e conquistar nossa sombra. Não se mata o que fomos, conquistamos. Não se extermina o passado, harmonizamos. Nada sofre destruição e aniquilamento, tudo é transformado e aperfeiçoado na natureza. A pior das ilusões é a que temos a respeito de nós mesmos: é a auto ilusão. O iludido esconde-se de si mesmo criando um “eu ideal” para atenuar o sofrimento que lhe causa a angústia de ser o que é – a criatura foge de si e vive em “esconderijos psíquicos”.

Auto ilusão é o que queremos acreditar acerca de nós mesmos mas não corresponde à realidade. É a imagem idealizada. É aquilo que pensamos que somos e desejamos que os outros creiam sobre nós. Existe uma tendência à autossuficiência entre nós, os espíritas. Assumimos a condição de almas carentes e necessitadas, mas agimos como se fossemos salvadores do mundo com todas as respostas para a humanidade. “O Espiritismo é excelente, nós espíritas nem tanto”. Nossa condição real, para quem deseja assumir uma posição ideal perante si mesmo, é a de almas que apenas começamos a sair do primitivismo moral. Alegremo-nos por isso!

Essa autoimagem falsa é uma construção mental que se torna a referência para nossas movimentações perante a vida, a fim de não perdermos o status da criatura que supomos ser e queremos que os outros acreditem que somos.  Assim vivemos uma vida ilusória sem saber o que realmente somos. Essa autoimagem idealizada encontra-se no campo mental. Temos um “Eu Real” que estamos tentando ignorar há milênios. Essa parcela de nós é a “Sombra” da qual queremos fugir. Todavia o contato com essa zona inconsciente, revela-nos não só motivos de dor e angústia, mas igualmente a luz que ignoramos estar em nossa intimidade à espera de nossa vontade para utilizá-la. No processo de reforma interior, existe muita idealização confundindo aprendizes que imaginam estar dando saltos evolutivos em direção a esse “Eu Real”, mas em verdade, estão se movimentando na esfera do “eu idealizado”.

Como vencer nossas ilusões?

Desapegando-nos da autoimagem falsa que fazemos de nós mesmos. Desapaixonando-nos do “eu”. Para isso somente o AUTOCONHECIMENTO. Assim começamos a resgatar a nós mesmos, vencendo a condição de reféns de nosso passado escravizante, saindo da “roda viciosa das emoções” perturbadoras como o medo, a culpa, a insegurança.

Como sair da paixão que nutrimos pela imagem irreal que criamos de nós mesmos?

  • Fazer as pazes com as imperfeições.
  • Abandonar os estereótipos e aprender a se valorizar com respeito.
  • Descobrir sua singularidade e vive-la com gratidão.
  • Coragem para descobrir seus desejos, tendências e sentimentos.
  • Exercitar a auto aceitação através do perdão.
  • Munir-se de informações sobre a natureza de suas provas.
  • Aprender a ouvir com atenção o que se passa à sua volta.
  • Dominar o perfeccionismo nutrindo a certeza de que ser falível não nos torna mais inferiores.
  • Valorizar efetivamente as suas vitórias.
  • Descobrir qualidades, acreditar nelas e coloca-las a serviço das metas de crescimento.

Paulo de Tarso, o Apóstolo da renovação, indica-nos uma recomendação que nos induz a meditar na natureza de nossos sentimentos em torno da mensagem do amor; sugerimos que esse seja nosso roteiro na vitória sobre ilusões:  “Olhais para as coisas segundo as aparências? Se alguém confia de si mesmo que é do Cristo, pense outra vez isto consigo” – Coríntios, 10-7.

Disse também:  “O Bem que quero fazer não faço. O mal que não quero fazer, faço.” Uma confissão verdadeira, a certeza de ser real, sem a ilusão do ser idealizado. Como Paulo de Tarso, estamos todos percorrendo a Estrada de Damasco. O Mestre é o nosso Guia, Ele Bate incansável ás portasde nosso coração! Mas essa porta só nós podemos abrir. Ela só abre por dentro.

Como Maria de Magdala que, raciocinando diante da excelência do chamado de Jesus, agiu sem precipitação vendo-se como um ser real, não como um ser idealizado, reconheceu-se, buscou-se interiormente com realidade e tornou-se um exemplo ímpar de renovação moral.

“A verdadeira liberdade é alcançada quando nos libertamos de nossas próprias limitações” (Palavras de Rebbe de Lubavitch)

Euckaris Guimarães é voluntária na ABC Espírita Batuira e na Casa dos Essênios em Sorocaba.

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