Sobre os chamados e os escolhidos
Por Aloise Gaio
Sempre foi difícil para mim, compreender algumas orientações de Jesus, mas acredito que a perseverança e teimosia funcionam em algum momento. A passagem abaixo é uma delas.
AO QUE TEM SE LHE DARÁ
E chegando-se a ele os discípulos, lhe disseram: Por qual razão lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, lhes disse: Porque a vós vos é dado saber os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é concedido. Porque ao que tem, se lhe dará, e terá em abundância, mas ao que não tem, até o que tem, lhe será tirado. Por isto é que eu lhes falo em parábolas: porque eles, vendo, não vêem, e ouvindo não ouvem, nem entendem. De sorte que neles se cumpre à profecia de Isaías, que diz: Vós ouvireis com os ouvidos, e não entendereis; e vereis com os olhos, e não vereis. (Mateus, Xll:10-14).
O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. XVIII
O estranho não é Jesus ter falado por parábolas, mas a afirmação:
“…Porque ao que tem, se lhe dará, e terá em abundância, mas ao que não tem, até o que tem, lhe será tirado.”
Jesus se referia ao despertar pelo entendimento de sua mensagem de perdão e amor, e da compreensão num DEUS benevolente, ao qual chamava de Pai.
A partir daí podemos nos situar.
O que carregamos como verdade nem sempre faz parte do que é verdadeiro diante das leis que regem o universo. A lei de justiça, amor e caridade, por exemplo, pode ser interpretada de acordo com a verdade de cada um, daquilo que nutriu dentro de si, porém, a lei não existe para cumprir nossos desejos, mas para se cumprir dentro dos desígnios de Deus, nos guiando por caminhos de aprendizado e evolução.
Quando acreditamos que temos certos direitos por possuímos sobrenomes ou títulos, vemos a Lei Divina de forma desfocada, mas em algum momento, pode a vida nos leva a enfrentar duras realidades, cujos títulos e sobrenomes não farão diferença; é aí que “até o que tem lhe será tirado”. O que estamos perdendo é a ilusão da vida que criamos, e percebendo que não temos nada que nos sustente dentro daquela falsa realidade. Mas aquele que nutriu conceitos mais próximos das Leis Divinas, terá sua percepção da vida presente ampliada, e se sentirá mais pleno e fortalecido
Como estamos nos referindo as Leis Divinas, é bom reforçar que elas não estão presentes apenas nos locais sagrados ou religiosos, mas dentro da consciência de cada um e regendo cada segundo da nossa vida. Para melhor compreensão, podemos tranquilamente observar as Leis Divinas nos impulsionando, pelo ideal da prática da ética, na observação de nossas escolhas e atitudes por uma sociedade melhor. Viver em sociedade requer relações mais humanas e amorosas, no respeito as pessoas, na benevolência para com os que sofrem ou caminham distraídos, e muitas vezes inconsequentes. Dessa forma podemos ver que todos são chamados, mas nem todos escolhidos, mas não é Deus que faz a escolha, mas nossas próprias atitudes e valores cultivados, pelo verdadeiro ou ilusório.
Praticamos as Leis divinas quando nos dedicamos a harmonia familiar e ao amor ao próximo, assumindo nossas responsabilidades de forma madura e consciente, no lar, na família, no ambiente profissional e na sociedade, ampliando cada vez mais o que temos e colocamos em prática.
Aloise Gaio é voluntária no Centro Espírita Batuíra, onde atua no Departamento de Ensino.