Somos todos iguais mesmo sendo diferentes

Por Fátima Kopke Brito

A Doutrina Espírita nos orienta para termos convivência pacífica, quando nos fala que somos todos irmãos. DEUS não criou cópias, somos originais e todos os filhos Dele. Diferentes mas semelhantes.

“O Mestre deixou claro que, para Deus, não havia eleitos – o Reino dos Céus é uma conquista comum a todos aqueles que cultivam o amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Essa convicção é que levou Paulo de Tarso afirmar aos cristãos da igreja de Gálatas:

“Deus não faz acepção de pessoas” (Gálatas, 2:6).

Nossos preconceitos, personalismos, são entraves ao nosso progresso espiritual. Da rejeição aos outros pelas diferenças que se estabelecem surge a indiferença do que resulta a exclusão afetiva. Fomos criados em tempos diferentes, com valores, raças, regras, costumes que a própria sociedade exigia na época. As experiências passadas são válidas, mas precisam ser adequadas às nossas necessidades da realidade presente. Diferenças sempre existirão, não são defeitos.

“Ter preconceitos é, pois, assimilar as coisas com julgamento preestabelecido, fundamentado na opinião dos outros. Os preconceitos são as raízes de nossa infelicidade e sofrimento neurótico, pois deterioram nossa visão da vida como uma lasca que inflama a área de nosso corpo em que se aloja.” HAMMED Livro, RENOVANDO ATITUDES”.

 

Na Doutrina Espírita vigora o mais absoluto respeito à diversidade humana, cabendo ao espírita o dever de cooperar para o progresso da humanidade, exercendo a caridade no seu sentido mais abrangente: “benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas”, tal como a entendia Jesus, nosso Guia e Modelo, sem preconceitos de nenhuma espécie: de cor, etnia, sexo, crença ou condição econômica, social ou moral. Jesus é o guia e modelo para toda a humanidade, desprovido de qualquer preconceito. E a Doutrina que ensinou e exemplificou, é a expressão mais pura da Lei de Deus. A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade.

 Os apóstolos de Jesus eram homens normais como nós, diferentes, mas semelhantes, com todos os problemas inerentes à vida cotidiana e, portanto, não eram nem sábios nem santos, mas pessoas que, desde o início da pregação do Cristo, se mostraram interessadas em aprender; além disso, afinaram-se com Jesus de imediato, como se já existisse um magnetismo de vidas passadas.

Jesus, através de suas parábolas, adequava-se aos costumes do povo, aproveitando as situações do cotidiano e, portanto, a experiência diária dos que o ouviam.

 Demonstrou ser plenamente imune a qualquer influência alheia quanto aos seus sentimentos e sentidos de vida.

” A variedade de aptidões, é necessária a fim de que cada um possa contribuir para a execução dos desígnios da Providência, nos limites do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais.” No Livro dos Espíritos, na questão 804.

Com a reencarnação, desaparecem os preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher.

Precisamos melhor aproveitar nossa oportunidade reencarnatória, ressignificá-la, desenvolvendo fraternidade, solidariedade, tolerância, possibilitando a nós e ao próximo, a almejada emancipação moral e intelectual.

Necessário se faz nos tornarmos verdadeiros homens de bem. E isso jamais acontecerá por um milagre superior, como muitos esperam, mas pelo nosso próprio esforço nos tornarmos homens de bem.

“O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema (condenação) aos que como ele não pensam.” ESE, cap XVII, […]

A ACEITAÇÃO é uma das características dos grandes homens da humanidade, que aprenderam a respeitar as leis evolutivas em si mesmos e nos outros.

…aceitação não é adaptar-se a um modo conformista e triste de como tudo vem acontecendo, nem suportar e permitir qualquer tipo de desrespeito ou abuso à nossa pessoa; antes, é ter a habilidade necessária para admitir realidades, avaliar acontecimentos e promover mudanças, solucionando assim os conflitos existenciais. E sempre caminhar com autonomia para poder atingir os objetivos pretendidos. HAMMED.

AUTOACEITAÇÃO é um dos desafios que recebemos na vida.

Quando aceitamos a nós mesmos, eliminamos as amarras de doentia dependência que nos vinculam aos outros, cujos costumes, crenças e valores não são os nossos.

E reconhecemos que podemos viver e nos relacionar respeitando o modo de ser deles, da mesma forma que devemos respeitar a nossa individualidade e liberdade de pensamento, sem nenhum receio de discriminação ou isolamento.

Ao alterarmos a nossa “visão efêmera” para uma “visão de eternidade”, mudamos a “concepção de mundo” cartesiano e simplista em que vivemos, alterando assim as conclusões equivocadas a respeito das pessoas e da vida.

O normal, o anormal, o moral, o imoral, o natural e o não natural são relativos, mesmo quando se trata da configuração ou da aparência externa da matéria. Nossa atitude para com o próximo é reconhecer que é alguém com possibilidades em evolução, como cada um é tão criação de Deus como tudo e todos existentes.

Existe uma ciência de cultivar a amizade e construir o entendimento. Como acontece ao trigo, no campo espiritual do amor, não será possível colher sem semear. Examina, pois, diariamente, a tua lavoura afetiva. Observa se estás exigindo flores prematuras ou frutos antecipados. Não te esqueças da atenção, do adubo, do irrigador. Coloca-te na posição da planta em jardim alheio e, reparando os cuidados que exiges, não desdenhes resgatar as tuas dívidas de amor para com os outros. Imita o lavrador prudente e devotado, se desejas atingir a colheita de grandes e precisos resultados. Vinha de luz, Emmanuel.

Reflitamos…Qual seria então nossa visão atual a respeito do sexo, religião, raça, velhice, nação, política e outras tantas? Seriam formadas unicamente sem a influência dos outros?

Será que nossa forma de ver a tudo e a todos não estaria repleta de obstáculos formados pelos nossos conceitos preestabelecidos?

Muita Paz.

Fátima Kopke Brito é voluntária no Centro Espírita Batuíra.

A Autora assume inteira responsabilidade pelo conteúdo dos textos de sua autoria.

Sua opinião não necessariamente expressa a visão do CENTRO ESPÍRITA BATUÍRA.
Somos todos iguais mesmo sendo diferentes
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2 ideias sobre “Somos todos iguais mesmo sendo diferentes

  • 25 de julho de 2021 em 13:48
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    Ninguém é mais prejudicado por nossos julgamentos e atitudes equivocadas do que nós mesmos…buscar entendimento e autoconhecimento é a única forma de conseguirmos nos amar e respeitar. Obrigada pelo texto e pela oportunidade de reflexão.

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  • 26 de julho de 2021 em 21:30
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    Muito bom Fátima. Ao não aceitarmos essas semelhanças e essas diferenças criamos obstáculos para a vivência com harmonia com nossos irmãos.

    Resposta

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