VIDA VIRTUAL...
Por Victor Dutra Vieira Filho
Nos últimos 50 anos o crescimento absoluto e intenso do chamado “mundo virtual” modificou de forma significativa a nossa vida . Não é difícil imaginar por que a internet se tornou tão popular e necessária em tão pouco tempo. A chance de conectar bilhões de pessoas na mesma rede, unir tantas culturas ao mesmo tempo, é admirável. Não importa a distância, sejam metros ou milhares de quilômetros, tornou-se possível interagir com qualquer indivíduo, de qualquer parte do mundo, a qualquer momento.
Nos dias de hoje a vida se resume: 80% do tempo as pessoas se preocupam com trabalho e conectado nas redes sociais e 10% do tempo preocupam com o lazer e os outros 10% preocupam com a família. As pessoas vivem a vida de verdade apenas 20%.
Tempos atrás as pessoas viviam em função da família, como também da necessidade de gerar matéria para a sobrevivência, e com menor intensidade, elevar-se espiritualmente, consequentemente exercitando de forma “real” as relações interpessoais e hoje em dia vivem em função da modernidade conectada 24 horas com raras exceções. A família, a exemplo, ficou para o segundo plano e como consequência outros dados crescem, proporcionalmente, ao aumento de consumo das redes sociais.
A depressão e a ansiedade atingiram aumentos incríveis dos usuários digitais com faixa etária entre 14 e 20 anos, somente nas últimas duas décadas. A grande questão que gostaríamos de despertar com esse estudo, é que devemos nos atentar ao fato de que o Progresso como Lei Natural deve ser compreendido e exercitado na sua forma holística, elevando o Ser, instando-o a encontrar as respostas a esses novos e poderosos estímulos trazendo em si o correto uso da tecnologia.
Há certos relacionamentos que são favoráveis através desses veículos de comunicação. Não podemos, porém, substituirmos o ato humano da vida pela vida virtual humana. Acender uma vela virtual não é o mesmo que acender uma vela (de cera!) na igreja ou em sua casa. Fazer uma visita ao “santíssimo” através do computador não é o mesmo que estar diante do Senhor Eucarístico. Tudo isso (acender velas virtuais, visitas virtuais ao “santíssimo”) nos faz lembrar o compromisso concreto com nossa comunidade. Por acaso, receber um abraço virtual é o mesmo que abraçar uma pessoa?
A “visita de Jesus” por um e-mail é o mesmo que recebê-lo na comunhão? Posso me fazer presente na vida de alguém através de um e-mail. Mas posso também sair do comodismo e ir visitar uma pessoa. Um abraço virtual é bem diferente de um abraço real de um amigo onde se sente o calor humano. Muitos desses relacionamentos são apenas virtuais, e não virtuosos. Como nos diz o Papa Bento 16 em sua última encíclica, Caritas in Veritate, no número 53: “Uma das pobrezas mais profundas que o homem pode experimentar é a solidão”. E essa, segundo o romano pontífice, é fruto do isolamento e autossuficiência.
Lembremos do que o nosso Mestre nos ensinou quanto a escolher a boa parte para o Espírito em Lucas cap 10: 38,42 “Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: “Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!” Respondeu o Senhor: “Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”.
Victor Dutra Vieira Filho é voluntário do C.E. Flammarion.
Olá, irmão Vitor!
Muito bom e mais que oportunas, a suas palavras nos advertem
e, amorosamente, nos convidam a refletir sobre esta questão que atinge a todos nós Ouvir vc é prazeroso e aprendemos sempre.
Obrigado por mais essa oportunidade! Forte abraço.
Querido irmão Victor, que beleza você nos fazer refletir sobre tema tão atual e importante em nossas vidas. A tecnologia existe para facilitar a nossa existência. Contudo, dentro do orgulho e egoísmo que ainda carregamos utilizamos essas tecnologia tanto para o bem quanto para a ausência do bem. Poderíamos citar aqui as guerras e armas cada vez mais sofisticadas, mas focaremos relacionamentos interpessoais, tão bem abordados por você. O mundo virtual traz cada vez a presença de Deus para nosso lar, contudo a seara bendita que o Mestre nos pede é no dia-a-dia, nos relacionamentos, no trânsito, no meio profissional, no meio religioso e no seio da família mais próxima bem como toda parentela. O mundo virtual encurta distâncias de entes que estão longe, mas o contato pessoal é a cada momento em que saímos do local onde estamos. Me lembro de nosso companheiro Danilo Kostenko comentando sobre as duas filhas estarem uma em cada quarto, um ao lado do outro e se falando pelo whatsapp. Observei que as vezes faço isso com meu filho mais novo cujo quarto fica no andar de cima e, as vezes, por “preguiça ao invés de subir e falar com ele mandamos mensagem pelo celular. Fica o alerta e as reflexões. A tecnologia é ótima, utilizada com sabedoria é ferramenta primordial para evolução. Gratidão meu amigo.
Excelente reflexão Victor, o serviço de comunicação virtual melhorou mas não substitui o contato presencial. Será que estou olhando muito as telas e ignorando o ser ao meu lado? Gratidão pela oportunidade ❣️
Ótima reflexão Victor…muito oportuna!! Obrigada mano!! 😘