PRONTIDÃO

Por Márcio Conegero

O ESE, capitulo I, item 3, nos traz as palavras de Cristo: “Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo”, e acrescenta: “aí estão a lei toda e os profetas”.

Portanto amar a Deus acima de tudo, amar a nós mesmos e amar igualmente o nosso irmão é nossa busca de perfeição. E temos a oportunidade de treinar esse amor a Deus através de nossos pensamentos e atos, relacionados a nós mesmos, cuidando de nossos pensamentos, de nossa saúde, de nosso auto perdão e também relacionados a nossos irmãos, em todos os momentos de convivência.

Relacionamentos fazem parte da vida, não estou falando só de relacionamentos entre pais e filhos, entre irmãos ou entre casal, e sim de todos os tipos de relacionamentos. E nem sempre eles fazem parte do lado bom da vida. Há pessoas difíceis de se relacionar, mas isso não anula nosso dever de convivência. Convivemos com pessoas assim em nosso local de trabalho, na sala de aula ou em qualquer grupo que participamos.

Porém, podemos observar que as maiores decepções, os maiores sofrimentos, não são causados por essas pessoas difíceis de se relacionar, que nem tem tanta importância para nós, mas sim por quem mais amamos e mais desejamos estar perto. E quanto mais amamos, mais nos decepcionamos, simplesmente porque colocamos sobre elas muitas expectativas.

Pois aqui entra uma lição sobre o uso de verbos e substantivos em nossas vidas, que aprendi quando fiz a leitura do livro “A Cabana” de William P. Young, alguns anos atrás.

Todos sabemos que verbo é Classe de palavra que expressa ação, estado ou mudança de estado (p.ex.: aprender, ser, tornar) e substantivo é Classe de palavras que dá nome aos seres, objetos, qualidades, sentimentos etc. (p.ex., livro e saudade).

Em toda relação criamos expectativas quanto a outra pessoa, e o que é uma expectativa: é a esperança baseada em probabilidades e promessas que muitas vezes só você mesmo tem conhecimento. Quando estou no transito e espero que o motorista a minha frente de um sinal de seta quando for entrar em outra rua ou parar, eu criei uma expectativa, eu estou esperando essa atitude dele. Ele, apesar de ser seu dever, pode não estar acostumado a agir assim e não tem conhecimento dessa minha expectativa. Ele vai parar sem avisar e eu, frustrado, ficarei muito irritado, com alguém que nem sei quem é. Perderei minha paz, trarei para minha mente pensamentos maus e prejudicarei somente a mim.

E nas relações mais próximas então? O quanto exigimos de nossos pais, nossos filhos, nossos cônjuges? Desejamos que eles sejam como nós, que pensem como nós e que ajam somente como queremos que eles ajam. Só que não é assim que acontece, cada ser é único. Tem seus sentimentos, seus pensamentos, seu livre-arbítrio e vão fazer coisas que não esperamos e não desejamos, e vão nos decepcionar.  O que eu esperava como resultado, não aconteceu.

É como investir na bolsa de valores, eu faço uma projeção e crio uma expectativa de ganho final. Mas posso não ter previsto uma crise econômica mundial que me fará perder dinheiro. E em nossas vidas também é assim, posso projetar minha vida de uma forma a criar expectativas de que com todos que me relaciono agirão como espero, mas basta uma mudança de humor e as coisas não vão acontecer dessa forma.

Imaginemos se Deus tivesse expectativas quanto a nossos acertos, de acordo com o plano reencarnatório que escolhemos para nós. Se assim fosse Ele estaria reprimindo nosso direito de errar, e ficaria decepcionado conosco, pois com certeza vamos errar, fomos criados imperfeitos para errar e assim poder aprender com nossos erros, buscando a perfeição. É o nosso livre-arbítrio e Deus perfeito em sua criação.

E para vivermos em comunidade são criadas regras e responsabilidades para nosso dia-a-dia, e essas regras são uma forma de dar a nós controle sobre a nossa vida.

Em uma relação, por mais que eu saiba que sou amado, que sou respeitado, eu preciso de regras para conviver e crio expectativas em cima dessas regras. E vivo em função dessas expectativas, que me dão o direito de acusar, de julgar, de querer comandar o outro ou ser comandado.

Foi isso que Cristo disse naquela passagem do ESE? Não.

Por isso precisamos trocar esses dois substantivos de nosso cotidiano: regra e expectativa, por dois verbos: capacidade de agir e prontidão.

 “Prontidão é diligencia (zelo, cuidado) acompanhada de boa vontade e facilidade de compreensão ou de execução”.

Se aplicarmos essa palavra Prontidão como base de nossos relacionamentos seja de pai, de marido, de empregado ou qualquer outra coisa, nossa vida será muito mais gostosa e em paz.

Se no exemplo do transito que citei, em vez de esperar que o motorista a minha frente cumpra as regras, eu estiver de prontidão, redobrarei minha atenção e, se ele cometer um ato falho, simplesmente desviarei e seguirei meu rumo sem perder minha paz. Se no meu local de trabalho alguém falha comigo, mas eu estiver de prontidão, sem expectativas, isso não me afetará, se meus pais me maltratarem, eu relevarei, se meus filhos não me ouvirem e quebrarem a cara, eu entenderei e estarei pronto para ajudá-los, se meu companheiro ou companheira fizer algo que me desagrade, eu não cobrarei nenhuma reparação, procurarei compreender para seguirmos adiante. Ou seja, os relacionamentos são marcados pela aceitação, mesmo quando as escolhas não são saudáveis ou úteis.

Vivendo de prontidão não esperarei que o outro acerte, por que eu acredito em meu próprio erro. Não vou julgar, por que não gosto de ser julgado, mas vou estar sempre pronto a entende-lo a ouvi-lo e, principalmente, a aceita-lo como é, por que é assim que gostaríamos de ser amados.

E um relacionamento de prontidão nada mais é que o próprio amor ensinado por Cristo, que por mais que nele possa existir a tristeza e a decepção, existe acima de tudo a prontidão, o amor incondicional.

E o que significa amar incondicionalmente? Significa não esperar nada em troca. E se deixamos de esperar algo em troca, quando recebemos algo, isso passa a ser um presente e não uma obrigação.

Deus vive na prontidão, Ele está sempre disposto a nos perdoar e nos dar nova chance de recomeçar, livres de culpa. Quem inventou a culpa fomos nós, os homens, assim como as regras. Então vamos viver essa prontidão como Deus, para que possamos sentir a alegria que Ele sente quando acertamos, como alguém que recebe um presente.

 

Oração

Senhor, a partir de hoje não quero mais regras em minha vida, que me dão o poder de acusar, de julgar, de comandar e ser comandado.

Quero a liberdade das incertezas, quero a liberdade de viver. Quero Deus comigo em todas as partes do meu dia.

Não viverei mais de substantivos, somente de verbos.

Vou trocar palavras como regra e expectativa por capacidade de reagir e prontidão. “Quero somente palavras vivas e dinâmicas, cheias de vida e possibilidades.”

 “Verbos como confessar, arrepender-se, viver, amar, responder, crescer, colher, mudar, semear, correr, dançar, cantar, respeitar e assim por diante” serão a minha essência.

Hoje me coloco de prontidão para estar junto, para rir, para falar, para auxiliar, meus amigos, minha família, Meu Tudo de Bom.

Márcio Conegero é voluntário no Grupo Espírita da Prece Chico Xavier em Sorocaba.

PRONTIDÃO
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5 ideias sobre “PRONTIDÃO

  • 21 de agosto de 2022 em 11:58
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    Bom dia, Márcio excelente mensagem vou compartilhar com os meus contatos. Uma ótima semana.

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  • 21 de agosto de 2022 em 12:10
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    Gostei muito das suas palavras, nos deixam reflexivos e nos despertam para a mudança de atitude. Vigilância sobre nós e não sobre o outro. Gratidão!

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    • 21 de agosto de 2022 em 12:22
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      Que bela aula de mudança de hábito. Parabéns, meu amigo, pelos apontamentos que nós esclarecem e norteiam nossas novas atitudes. Deus te abençoe 🙏

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  • 21 de agosto de 2022 em 14:45
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    Reflexões importantes Márcio ! Um novo olhar sobre as nossas relações ! 🙏🏼🌼🙌🏻🌷 Gostei
    Muito ! 🙏🏼🙌🏻 Deus te abençoe !

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  • 21 de agosto de 2022 em 19:24
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    Olá Márcio! Gostei dos verbos mas eu acrescentaria o verbo VIGIAR E ORAR…GRATIDÃO!!🙏🙏

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